Inventei um Mundo Feérico e Feroz
Qual é o momento exato em que o artista se torna artista? Certamente, a resposta é múltipla e acompanha incontáveis individualidades, respondendo quase como a um chamado, uma busca pela expressão, pela iluminação — em seu sentido mais elevado e poético. São muitos os possíveis motivadores (à figura de um estopim) que guiam a trajetória nas artes; entretanto, partilham todos os artistas a capacidade de especular e pressentir, de desconstruir e imaginar.
Em 1978, Ferreira Gullar publicou uma luz no chão — obra biográfica que acompanha seu amadurecimento e seu despertar para a literatura: uma narrativa sensível que transpõe a força das ideias à riqueza da forma e do vocabulário que conjuga. Dentre todas as confissões de Gullar nesse depoimento, talvez a mais fecunda e pungente seja: “Fugi pela poesia, inventei um mundo feérico e feroz. [...] Ateei fogo ao verbo, minhas vestes mortais, como se fosse meu corpo. Não era. E sobrevivi, sobrevivi, sobrevivi. Abati a poesia, calquei-a sob os pés”.
Tão poético quanto cristalino, esse trecho é o ponto de partida da mostra que reúne quatorze artistas na Galeria Tato: a exposição aproxima obras concebidas ao mesmo tempo pela memória e pela fantasia, pela emoção e pelo vigor da criação.
Respondendo a distintas técnicas, a exposição promove o encontro da fotografia de Thaizany e Bruno Corisco com pinturas de Liz Luz e Anna Guerra; somam-se obras que resgatam um passado íntimo ou projetam o futuro — a exemplo de Isabella Carvalho e Paola Lazzareschi; apresentam-se paisagens silenciosas de Mario Cesar e Rogério Melo em complemento a composições matéricas de Adriana Vaz e Jô Lobo. Há, ainda, a abstração de Adri Trentin e Rose Eisencraft e a figuração representada por Diogo Penteado ao lado de Mariella Morrone e seus pássaros.
A criação tem o dom de aliar a realidade coletiva — ancestral — às aspirações individuais. Os artistas reunidos no programa de estudos Casa Tato 13 percorrem um caminho de autoconhecimento, de evolução. Ao fim, proponho evocarmos o aforismo mais conhecido de Ferreira Gullar: “A arte existe porque a vida não basta” — uma das máximas que tornaram o poeta maranhense nome incontornável das letras universais. Vale acreditar na arte como ferramenta de liberdade, como fazer que transforma a existência em algo superior.
Henrique Menezes
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Anna Guerra
Adri Trentin
Adriana Vaz
Bruno Corisco
Diogo Penteado
Isabella Carvalho
Jô Lobo
Liz Luz
Mariella Morrone
Mario Cesar
Paola Lazzareschi
Rogério Melo
Rose Eisencraft
Thaizany
Inventei um Mundo Feérico e Feroz
Curadoria:
Henrique Menezes
Diretoria:
Tato DiLascio e Zel Campos
Design e social media:
Alice Freire Design
Abertura: 1º de novembro de 2025, das 13h às 18h
Período expositivo: de 01/11 a 22/11/2025
Funcionamento da galeria: de quarta a sábado, das 13h às 18h
Galeria Tato
End.: Rua Barra Funda, 893Barra Funda, São Paulo – SP
Entrada gratuita

